Mais um início de ano letivo se inicia, e com ele surgem novas questões para os educadores enfrentarem na sala de aula. Para compreender melhor esse contexto, apoiar e propor soluções, nós do Instituto Significare lançamos uma série de artigos dedicados aos principais desafios da educação básica neste ano.
Nosso primeiro tema da série aborda a restrição ao uso do celular na escola. Como essa medida impacta o cotidiano escolar? E como os professores podem lidar com essa nova realidade?
O ano letivo começa com uma importante notícia para a educação brasileira. Sancionada no dia 13 de janeiro, a Lei nº 15.100/2025 restringe o uso de celulares nas escolas públicas e privadas. De acordo com a legislação, os aparelhos só poderão ser utilizados com finalidade pedagógica, mediante orientação dos professores, ou em casos excepcionais relacionados à saúde.
A principal justificativa para a nova lei é proteger as crianças e adolescentes dos impactos negativos das telas para a saúde mental, física e psíquica deles. A medida não é exclusiva do Brasil, países como França, Espanha, Grécia, Dinamarca, Itália e Holanda já têm legislações que restringem o uso de celular em escolas.
Em consonância com a legislação, o Ministério da Educação (MEC) lançou dois guias para orientar o uso de celulares na escola: um destinado às escolas, com diretrizes para a implementação das novas regras, e outro voltado às redes de ensino, auxiliando na formulação de políticas educacionais para a adequada gestão do uso de dispositivos eletrônicos.
Os guias trazem orientações práticas para auxiliar gestores e educadores a navegarem no novo cenário de restrição ao uso de celulares nas escolas.
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Algumas das principais razões para a proibição incluem:
O celular afeta a cognição: Um estudo publicado na revista científica Frontiers in Psychology, em 2017, relata que, quando usado com prudência, os dispositivos podem até aumentar a cognição humana. No entanto, o estudo mostra que os hábitos atuais de uso de celulares vêm demonstrando um impacto negativo e duradouro na capacidade dos usuários de pensar, lembrar, prestar atenção e regular as emoções.
Segundo outro estudo, conduzido pela Data Reportal, o Brasil é o segundo país do mundo em horas gastas navegando na internet. Em torno de 90% das crianças e adolescentes brasileiros estão conectados à internet, sendo que 95% usam o smartphone como principal dispositivo para acessar aplicativos e sites.
Lacunas no desenvolvimento cognitivo e prejuízos ao sono são alguns dos problemas causados pelo uso excessivo do celular e outras telas digitais na infância. O uso excessivo de telas na infância pode trazer diversos riscos à saúde e ao desenvolvimento das crianças. O uso equilibrado e supervisionado da tecnologia é essencial para um crescimento saudável.
O celular pode ser visto tanto como um obstáculo quanto como uma ferramenta poderosa para a educação. Seu uso inadequado pode, de fato, comprometer o desempenho acadêmico, mas, quando bem orientado, pode trazer recursos enriquecedores para o aprendizado, como pesquisas, atividades interativas e acesso a plataformas educacionais. A chave parece estar na forma como o celular é incorporado ao processo de ensino, e não apenas na proibição de seu uso.
De um lado, a proibição busca aumentar a concentração dos alunos e reduzir distrações, promovendo um ambiente mais focado no aprendizado. Por outro, há preocupações sobre a restrição ao acesso a ferramentas tecnológicas que podem enriquecer o processo educativo. Além disso, questões como o impacto na preparação dos estudantes para o mundo digital são pontos de discussão relevantes. É aí que entra o assunto de utilizar o celular de forma consciente.
Para os professores, a proibição do uso do celular pode representar um alívio, pois reduz as distrações e facilita o controle da turma. No entanto, também pode gerar desafios, como:
Os educadores enfrentarão um grande desafio ao restringir o uso do celular na sala de aula, pois muitos alunos já estão habituados ao uso excessivo do aparelho em casa. A retirada brusca pode gerar irritação e impaciência, semelhantes a um quadro de abstinência digital. Para lidar com isso, os professores podem adotar algumas estratégias para adaptação:
📌 1. Criar Atividades que Envolvam os Alunos: Métodos ativos de ensino, como gamificação, debates e trabalhos em grupo, podem manter os estudantes engajados e diminuir a necessidade do celular como fonte de estímulo.
💬 2. Promover o Diálogo e a Conscientização: Conversar com os alunos sobre os impactos do uso excessivo do celular na concentração, no aprendizado e na saúde pode ajudá-los a compreender melhor a restrição.
🏫 3. Trabalhar em Conjunto com as Famílias: Os pais precisam estar envolvidos no processo, estabelecendo também limites em casa para que a adaptação ocorra de maneira mais equilibrada.
🎯 4. Focar na Conscientização sobre o Uso Responsável: Mais do que apenas proibir, é essencial promover discussões sobre o impacto do uso excessivo de celulares, abordando temas como concentração, saúde mental e interações sociais.
E você, educador? Concorda com a proibição do uso do celular na sala de aula? Como sua escola e você estão lidando com esse desafio? Você acredita que a proibição é a melhor solução ou há caminhos alternativos?
Acompanhe os próximos artigos da nossa série sobre os desafios da sala de aula em 2025!
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