O episódio 15 de Conversas Transformadoras traz a convidada Leiva Leal que conta sua trajetória na educação e discute sobre o tema multiletramento em sala de aula. Leiva realizou estudos de Pós-Doutorado junto ao INRP da França onde atuou, também, como professora convidada. É mestre e doutora em educação pela UFMG e atuou junto a vários programas educacionais em Minas Gerais, dentre eles o PDP (Programa de Desenvolvimento Profissional) e o CRV (Centro de Referência Virtual do Professor), também é co-autora do CBC de Língua Portuguesa.
Assista ao episódio 15 de Conversas Transformadoras clicando aqui
“Sempre estudei e estudo até hoje. Não passo um dia sem querer aprender algo e com isso você percebe o quanto de Paulo Freire há em nós. A grande escritora Clarice Lispector dizia “eu nasci incumbida a escrever” e eu digo com humildade que eu nasci incumbida a ensinar”, – Leiva Leal.
A afetividade na educação é uma questão fundamental para que o aluno se sinta acolhido e esteja mais aberto e interessado a aprender. A afetividade é um dos fatores que favorecem a aprendizagem e o desenvolvimento cognitivo, fazendo com que o indivíduo aprenda através dos sentimentos, das emoções e das experiências que são trocadas na interação com o outro. E podemos dizer que afetividade e transformação andam de mãos dadas.
“A transformação eu diria como uma condição transitória da existência humana. E que se eu não me transformo, estarei sempre do mesmo jeito. Ou seja, se eu não estiver me transformando, seja no físico, na escrita ou em alguma coisa que eu penso, eu estagnei, eu morri, parei de ter existência. E do ponto de vista da educação, que é o nosso foco, eu diria que a transformação vai mais além. Como professora, com meu coração e com minhas letras, vejo o quanto as pessoas estão precisando de transformação e quando eu falo sobre transformar, também digo na mudança da forma como as pessoas leem, escrevem e argumentam. A escola tem que transformar a educação”, comenta Leiva.
“As linguagens estão além de tudo conectadas por diversos artefatos e você pode conectar isso em diferentes lugares e em diferentes momentos. Não há mais território, o território é o mundo”, comenta Leiva Leal.
O conceito de multiletramento foi criado em 1996, pelo Grupo de Nova Londres (GNL ou NLG), formado pelos pesquisadores Courtney Cazden, Bill Cope, Norman Fairclough, Jim Gee, Mary Kalantzis, Gunther Kress, Allan Luke, Carmen Luke, Sarah Michaels e Martin Nakata.
Em suma, é um letramento que considera as múltiplas culturas e linguagens. O mundo mudou e nas últimas décadas a sociedade vem se comunicando a partir de uma diversidade de linguagens, pelas quais são múltiplas e misturadas. E então a noção de multiletramento é praticamente uma obrigatoriedade do mundo atual.
Há diversas maneiras de transmitir informações: existe a linguagem visual, espacial, sonora, entre outras. Quando o indivíduo consegue identificar e entender a essas diferentes linguagens acontece o que é chamado de multiletramento. E o que é esperado do sujeito contemporâneo é que ele seja capaz de ler o verbal, o digital, o visual, o pictórico e tudo aquilo que é fruto de uma interação ou de interpretação. Este é um processo em constante transformação e é por isso que é preciso estar aberto às mudanças, conforme cita Leiva: “Portanto, além de transformar os modos de ler e de compreender, a medida em que eu lido com esses diferentes gêneros, nas diferentes modalidades e diferentes artefatos, as pessoas precisam também estar abertas a essas mudanças.”
O multiletramento é praticamente uma obrigatoriedade do mundo atual e deve ser desenvolvido desde a infância. Afinal, essa facilidade de interação e de compreensão vai interferir ativamente na vida social e profissional, conforme afirma Leiva: “A compreensão de que a leitura e a produção de gêneros para as diferentes mídias se traduz em fortes possibilidades de desenvolvimento cognitivo. Nós vamos precisar disso para se ter cidadania e ter também desenvolvimento de projetos ou de projetos de vida”.
Leiva Leal manda um recado final para nossos interlocutores: “A minha mensagem final aos meus queridos professores é que nós precisamos muito da transformação que há em cada um de vocês. Eu também estou me transformando nesse exato momento e não tenho receio. Acreditem em vocês. Vocês têm a força necessária, capaz de transformar crianças e projetos de vida, em dar a elas mais esperança e capacidade. Deixem de lado o que já está tão tradicionalmente convencionado e vamos transformar, trazer o amor pela liberdade do pensamento, pela liberdade de criação e pela liberdade do ser humano”.
Assista ao episódio 15 de Conversas Transformadoras clicando aqui
Instituto Significare © 2022 Todos os Direitos Reservados