Ao aplicarmos filmes ou outras modalidades artísticas de expressão que fazem parte do universo da criança ou do adolescente e alinharmos esses gostos com a educação, podemos proporcionar um aprendizado muito mais eficiente, interessante e divertido aos alunos.
Os bons filmes fazem uso de diferentes possibilidades narrativas, permitindo ao espectador viajar por diferentes épocas, lugares e culturas. Por meio das voltas e reviravoltas de personagens e tramas, somos expostos a situações em que exercitamos nossa visão crítica e expandimos nossas visões, o que também estimula a criatividade e amplia o nosso repertório artístico e cultural.
Pensando nisso, a professora Maria Luciana Gil Nazario idealizou o projeto “Harry Potter: A magia em uma escola municipal” buscando extinguir a violência frequente na sala de aula, transformar a realidade de crianças de extrema vulnerabilidade social e ensinar o conteúdo curricular de modo lúdico e interessante aos alunos da EMEF Décio Martins Costa, em Porto Alegre (RS).
Para conhecer o projeto da professora Maria Luciana Gil Nazario na íntegra acesse aqui
Além das agressões verbais e físicas que eram constantes em sala de aula, os alunos de extrema vulnerabilidade social (filhos do crack, de famílias desestruturadas ou moradoras de abrigos) possuíam grandes dificuldades cognitivas.
Buscando transformar essa realidade, a professora Maria Luciana, idealizadora do projeto, teve a ideia de apresentar o mundo mágico de Harry Potter para os alunos. De acordo com a professora: “O projeto, inicialmente, foi criado pela proximidade que vi entre meus alunos e Harry Potter, que eles pudessem se identificar e perceber que a vida pode dar certo, mesmo quando tudo parece conspirar contra”, comenta.
Neste universo mágico de Harry Potter, os personagens Luna e Neville sofrem bullying, pois são considerados diferentes, e existe uma supremacia dos “sangues puros” sobre os mestiços (ou “sangues ruins”). Os alunos da professora Maria Luciana que são moradores de periferia vivem esse tipo de preconceito todos os dias, e é neste ponto que o projeto se concretiza para evidenciar a escola como um local de acolhimento, aprendizado e de fazer novas amizades.
Com a iniciativa, os alunos desenvolveram escrita coletiva sobre a sinopse dos filmes assistidos (entre eles: “Harry Potter e a Pedra Filosofal”, “Câmara Secreta” e “O Prisioneiro de Askaban”), realizaram palavras cruzadas sobre o valor da escola e da amizade, participaram de brincadeiras, como o jogo boole a partir de personagens, alimentos, meios de transporte, criaturas e animais de estimação do mundo de Harry Potter. Além disso, também participaram de outras brincadeiras, como o jogo “a que casa pertenço”, onde houve a elaboração de cupcakes com as cores das Quatro Casas de Howarts: Grifinória, Sonserina, Lufa-Lua e Corvinal para que os alunos descobrissem a qual casa pertenciam e formassem os integrantes de cada grupo.
Com essas brincadeiras, as crianças desenvolveram a habilidade de separação de sílabas, comparação do número de sílabas entre uma palavra e outra, trabalham com rimas e aliterações. Além disso, o projeto permitiu trabalhar com problemas matemáticos (adição e subtração) e os pequenos ainda aprenderam a costurar, onde montaram uma almofada com o desenho do rosto de Harry, a partir da utilização de feltro colorido.
O projeto ainda promove práticas de empatia, diálogo, resolução de conflitos e cooperação, promovendo o respeito ao outro, eliminando preconceitos de qualquer natureza e ainda permite trabalhar questões nas áreas do conhecimento como Linguagem e Matemática.
A iniciativa foi capaz de transformar os estudantes. Fez com que eles pudessem transformar sua maneira de se perceberem como alunos e como seres humanos. “Percebo uma melhora no raciocínio lógico. Mas penso que o maior ganho com esse projeto foi observar o amadurecimento nas relações entre os próprios alunos: estão mais tolerantes uns com os outros, reconhecem a autoridade da professora (quase como Harry e seus amigos respeitavam seus professores em Hogwarts). Também descobriram que podem ir além, descobriram que têm seu valor”, finaliza a professora Maria Luciana.
Esta incrível iniciativa está disponível no Banco de Práticas do Instituto Significare e foi selecionada entre os 350 projetos mais Transformadores do Brasil pelo Prêmio Professor Transformador.
Inspire-se nessa iniciativa e participe da 2ª edição do Prêmio! Acesse https://significare.org.br/premio/ e inscreva o seu projeto.
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