Aquela frase que dizia que o Brasil é um país jovem já não faz mais sentido. Hoje nós somos um país adulto, caminhando para a velhice. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população idosa (acima de 60 anos) deve dobrar no Brasil até o ano de 2042. A projeção do IBGE é de que a população brasileira atinja 232,5 milhões de habitantes no referido ano, sendo que 57 milhões serão idosos.
Esse fato tem gerado transformações nos contextos sociais e familiares, pois o envelhecimento provoca limitações nas atividades diárias da pessoa e da família. Aspectos cognitivos, afetivos e sociais são profundamente afetados com o avanço da idade, pois importantes funções cerebrais como raciocínio lógico, memória e comunicação vão se degradando gradativamente.
Na busca de alívio para as dores do envelhecimento, muito se discute sobre a potência dos jogos para recuperar e desenvolver habilidades cognitivas, emocionais e sociais típicas do envelhecimento.
Pensando nisso, a professora Jamara Correa Ragozo idealizou o projeto “Old Games” com o propósito de estimular o desenvolvimento cognitivo da população idosa a partir da utilização de tecnologias digitais e estratégias de gamificação. Com a iniciativa, os alunos do Centro Educacional Nossa Senhora Auxiliadora (CENSA), no Rio de Janeiro (RJ), construíram protótipos e a simulação de um jogo para idosos, visando criar meios de tornar o envelhecimento mais saudável.
Para conhecer o projeto da professora Jamara Correa Ragozo na íntegra acesse aqui
A partir de uma conversa em sala de aula, surgiu nos alunos o desejo de melhorar as condições de vida dos idosos por meio da criação de um jogo que favoreceria o desenvolvimento cognitivo e estimularia o nível de atividade cerebral, visto que a população idosa vem aumentando significativamente no Brasil e no mundo. Assim, a turma desenvolveu um jogo que busca estimular funções cognitivas como a memória, a atenção, a concentração, o processamento de informações e o raciocínio.
Entre as atividades desenvolvidas no projeto, cita-se a realização de pesquisas em que os alunos investigaram os principais problemas que ocorrem nas pessoas envelhecidas e suas consequências para a saúde. Parte do entendimento do problema veio com a visita da médica Dra. Deborah Casarsa, que foi convidada para uma conversa sobre memória e estimulação cognitiva. Além disso, os estudantes participaram de rodas de conversas e elaboraram diferentes formas de representação, como desenhos e maquetes, além de construírem protótipos e uma simulação de como seria o jogo.
Com a iniciativa, os alunos desenvolveram empatia, conhecimento, cooperação, cultura digital, pensamento científico, crítico e criativo. O jogo propriamente dito ainda não foi programado, todavia, os alunos já iniciaram a proposta com a esperança de que o projeto seja aplicado no futuro e que possa ser uma ferramenta de estimulação da atividade cerebral dos idosos. Afinal, uma das estratégias que tem sido utilizada, principalmente na terapia ocupacional, são as atividades de estimulação cognitiva com características de jogos e ludicidade, a fim de buscar a manutenção das habilidades dos idosos, sua saúde cognitiva e a socialização como elementos que garantem sua qualidade de vida.
Por fim, assegurar os direitos dessa parcela da população e promover meios para que envelheçam dignamente e saudáveis ganha cada vez mais importância. Afinal, a população idosa do país cresce cada vez mais e vários estudos têm demonstrado que doenças e transtornos mentais têm aumentado com a velhice, onde resultados apontam a contribuição de atividades lúdicas e jogos para a qualidade de vida dessa parcela da população.
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